Quem é o deus mercado

Por Leila Brito

 

O capitalismo é um sistema concentrador de riqueza, excludente e, portanto, gerador de excedente. No sistema capitalista pode-se gerir essa riqueza acumulada no âmbito do setor produtivo e ou no setor financeiro.

O deus mercado cantado em verso e prosa pelos liberais e a grande mídia é o setor financeiro.

O mercado financeiro tem a finalidade de administrar a riqueza acumulada líquida adquirida com verbas remuneratórias salariais ou de lucros obtidos através de investimento produtivo no setor privado. Esse mercado tem interesses próprios distintos do setor produtivo.

No sistema financeiro que é essencialmente especulativo pode-se investir a riqueza líquida em ações de empresas, títulos públicos, títulos privados ou poupança.

No setor produtivo as empresas investem a riqueza material ou patrimonial para desenvolver atividades produtivas em função da demanda efetiva. Nele as pessoas físicas investem em bens e serviços.

O funcionamento do mercado financeiro é regulado na maioria dos países do mundo e se submete as regras e normas estabelecidas pelo Estado nacional.

No Brasil esse mercado é totalmente desregulado e por isso tornou-se o paraíso dos rentistas que nadam de braçada e usufruem a maior lucratividade do planeta. Recentemente essa rentabilidade passou a seguir parâmetros internacionais por questões conjunturais, mas continuou desregulamentado e ditando as cartas.

Se o mercado financeiro fosse regulado no Brasil jamais seria a menina dos olhos dos ultraliberais e ou tão pouco cantado em verso e prosa pela mídia. Ao contrario, estaria circunscrito a sua função de gestor de riqueza líquida dos especuladores.

Para se favorecer o mercado é contrário a políticas públicas distributivas ou tributação que contrarie os seus interesses de maximizar os seus ganhos

Por ser desregulado o mercado financeiro no Brasil tornou-se um ser onipresente com capacidade de influenciar as decisões políticas governamentais. De longa data virou um grande problema para o desenvolvimento nacional ao se comportar como gestor público e impor seus próprios interesses como solução para os problemas do país. De forma evidente no congresso nacional ecoa um numero de relevante de porta-vozes do rentismo.

Por ser essencialmente concentrador de riqueza o sistema financeiro gera um processo onde o rico fica mais rico, principalmente, quando o mercado é desregulado.

O problema é que as soluções para os problemas do país apontadas pelo setor é a sua própria agenda em detrimento da população e do desenvolvimento nacional. Para se favorecer o mercado é contrário a políticas públicas distributivas ou tributação que contrarie os seus interesses de maximizar os seus ganhos.

O mercado é tão decantado pelos liberais por coincidirem os interesses de ambos pela manutenção de um sistema concentrador, desigual e individualista. A mídia o defende porque tem nele seus maiores patrocinadores.

* Leila Brito é economista, Supervisora Técnica do DIEESE em Goiás

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