Grupo ocupou áreas centrais da cidade em defesa dos direitos humanos e denunciou teor LGBTfóbico do regime antidemocrático
Um grupo de drag queens ocupou áreas da região central de Brasília nesta sexta (31/mar), data que marca os 59 anos do golpe que impôs a ditadura militar no Brasil. Por meio de performances musicais, as artistas reforçaram a gravidade dos crimes e violações contra os direitos humanos no violento período do regime antidemocrático, que teve como uma de suas marcas a perseguição contra a comunidade LGBTQIA+.
Participaram do ato, que partiu do Setor Comercial e seguiu até a Rodoviária do Plano Piloto, as drag queens Linda Brondi, Ruth Venceremos, Nágila GoldStar, K-Halla, Madison Parker, Pérola Negra, Donna Karão e Victor Baliane. O objetivo da ação foi o de afirmação histórica contra o esquecimento dos crimes cometidos pelo governo militar durante a ditadura.
Para a drag queen, ativista do Movimento Sem Terra (MST) e primeira-suplente de deputado federal Ruth Venceremos, a ditadura militar “deve ser lembrada pela violência, censura, prisões arbitrárias, tortura e morte”. Ela destaca o teor de obscurantismo contido nos ataques à comunidade LGBTQIA+ no período. “Não nos esqueçamos nunca e não aceitamos qualquer aceno para esse período em que o conservadorismo e o moralismo massacrou e ceifou vidas de pessoas da comunidade LGBTQIA+”, pontua.
Para as performances realizadas pelas drag queens foram escolhidas músicas que refletem sobre opressão e desejo de liberdade, como “Cálice”, de Chico Buarque, “Como Nossos Pais”, de Belchior e “Que País É Este”, da Legião Urbana. Diante das recentes ameaças à democracia, como a invasão golpista às sedes dos Três Poderes, ocorrida em 8 de janeiro, o ato realizado neste dia 31 de março, representa um grito de resistência, segundo Ruth Venceremos: “Democracia fortalecida é democracia com direitos e respeito à diversidade de seu povo”, afirma.