Setor mais reacionário da sociedade brasileira, que atende pelo eufemismo “agronegócio”, é o responsável hoje e sempre por todas as mazelas nacionais
Por João Negrão
A comprovação de que os atos golpistas e terroristas recentes são financiados por latifundiários e seu entorno reforça mais este ingrediente, quase sempre desleixado pelas forças progressistas, do setor mais reacionário da sociedade brasileira.
Já disse em outra ocasião neste espaço que os fazendeiros reacionários ganham a narrativa. São empresários do agronegócio e não o que realmente o são: latifundiários herdeiros do ideário escravocrata, mantenedores da República Velha, caracterizada pela reação dos fazendeiros monoculturistas, especialmente os “barões do café”, combatendo ferrenhamente as tentativas de industrialização do pais.
Os monocultores de antes não diferem dos do presente momento. Se lá atrás era o café, hoje é a soja. Não há muito de novo nos dias atuais em relação a este setor, a não ser suas formas de atuação contra o desenvolvimento nacional. Os velhos fazendeiros que tinham seus jagunços substituíram esses pistoleiros pela ação dos colecionadores de armas, os CACs.
O latifúndio, armado desde sempre, combateu ferozmente a reforma agrária. Matou desde sempre. Ameaça constantemente as comunidades tradicionais, desde anteriormente por meio de armas convencionais e agora com o emprego de armas químicas.
O latifúndio ganha com o descontrole da economia. O dólar alto é necessário para que ele lucre absurdamente. Associado ao capital financeiro nacional e internacional, o latifúndio nada de braçada no sistema financeiro e ajuda a sabotar a economia.
Ainda no plano econômico, o latifúndio não fortalece a economia nacional. Aquela excrescência chamada Lei Kandir opera a favor dos lucros do latifúndio e, ao desfazer a cobrança de impostos sobre suas exportações, impede o desenvolvimento dos municípios e Estados em que ele opera com mais gulosidade.
Sem falar que, pouca gente se dá conta, o latifúndio tem vastidões improdutivas e as partes que produzem não colocam alimentos na mesa do povo brasileiro, contribuindo para encarecer os gêneros alimentícios e aumentar a inflação. Além disso, o latifúndio da grilagem (me perdoe a redundância) tem como um dos alvos prioritários em suas ações armadas e políticas (vide a bancada ruralista nos parlamentos estaduais e nacional) a agricultura familiar, que é quem coloca comida em nossas mesas.
No plano ideológico, o latifúndio teve desde sempre o DNA da ultradireita. E no plano político é o udenismo em estado bruto. O latifúndio escravocrata acredita que negros e indígenas tinham que continuar escravizados e que pobres deveriam continuar sendo mão de obra barata e subserviente.
O latifúndio bronco, ogro, não gosta de cultura e das artes, não tem apreço pela educação e meio ambiente para ele é o da devastação, da destruição de ecossistemas para lhe permitir lucrar ainda mais.
Ou seja, o latifúndio não gosta de nada do que os governos progressistas fizeram e farão agora com o terceiro mandato de Lula. Ele é o maior inimigo do povo brasileiro e do desenvolvimento do País.
É por esta razão que a pauta da reforma agrária deve reocupar com força a agenda dos partidos progressistas, dos movimentos de luta pela terra e de todas as pessoas civilizadas de nosso País.