Escolas militarizadas, mudanças climáticas e o negro na transição são temas do ‘Almanaque 61’ deste sábado, 26

O programa vai ao ar ao vivo a partir das 10 horas (horário de Brasília) pelo Youtube e pela página do Expresso 61 no Facebook

Por Albízzia Lebbeck

Uma das investidas do governo Bolsonaro contra a educação foi estimular a instituição de escolas militarizadas pelo Brasil afora. No Distrito Federal e em Mato Grosso são dezenas delas exercendo controle espartano sobre toda a comunidade escolar, em especial os alunos. Este será o tema de abertura do programa “Almanaque 61”, transmitido pela TV 61, o canal no Youtube do portal Expresso 61 (www.expresso61.com.br).

O segundo assunto de nossa pauta é presença do negro na equipe de transição para o futuro governo Lula. Trataremos ainda de mudanças climáticas, com enfoque sobre a questão urbana, por ocasião da realização, no Chile, da PLEA, sigla em inglês para “Arquitetura Passiva e de Baixa Energia”. O terceiro tema será o resultado da audiência pública do Supremo Tribunal Federal (STF) que debate a retirada de moradores de rua das áreas públicas.

O “Almanaque 61” vai ao ar ao vivo a partir das 10 horas (horário de Brasília) pelo Youtube e pela página do Expresso 61 no Facebook. O programa é apresentado pelo jornalista João Orozimbo Negrão, com participação especial do jornalista Denilson Paredes.

Escolas militarizadas

Para falar sobre escolas militarizadas foram convidados o jornalista Dioclécio Luz e o professor Álisson Lopes. Também convidamos representantes do Sindicato dos Professores do Distrito Federal (SInpro-DF) e do Sindicato dos Trabalhadores na Educação de Mato Grosso (Sintep-MT), cujas diretoria ficaram de indicar.

O jornalista Dioclécio Luz é autor do livro recém-lançado “A Escola do Medo – Vigilância, repressão e humilhação nas escolas militarizadas”. Ele é pernambucano e mora em Brasília há mais de três décadas. A obra é um ensaio jornalístico que critica o fenômeno das escolas públicas militarizadas, quando a gestão delas foi entregue para a Polícia Militar ou o Corpo de Bombeiros. Dioclécio Já atuou como repórter, fotógrafo, dramaturgo, agricultor, radialista, roteirista de vídeo, professor de matemática, escritor e jornalista. É autor de uma dezena de livros, abordando os mais diversos temas: reportagens (“Roteiro mágico de Brasília”), rádios comunitárias (“O radiojornalismo nas rádios comunitárias”), meio ambiente (“A máfia dos agrotóxicos e a agricultura ecológica”), contos (“O diabo modernista”), crônicas (“Vida e obra do acaso), memória (“Memória da semente”), entre outros. Faz rádio (programa “Canta Nordeste”) e mantém um podcast sobre literatura (“Livraria da praça”).

Álisson Lopes é professor de História nas escolas públicas do Distrito Federal. Também advogado, tem forte atuação na militância dos movimentos sociais, tendo sido conselheiro da Igualdade Racial, e participa do movimento capoeirista de Brasília e do Brasil. Como professor tem sido um assíduo observador e crítico das mazelas do ensino público.

O negro na transição

Na equipe de transição do governo eleito de Luís Inácio Lula da Sulva também se articula o grupo Igualdade Racial e Cultura. Dele faz parte da professora Silviane Ramos Lopes. Com ela vamos tratar justamente do tema “O negro na transição”, com a qual abordaremos quais perspectivas que se avizinham no futuro governo na questão étnico-racial.

Silviane Ramos Lopes é doutora em Sociologia pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR), mestre em História e especialista em Sociedade e Meio Ambiente pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Quilombola de Porto Calvário, Vila Bela da Santíssima Trindade (MT), ela é ativista antirracista e coordena o Coletivo Herdeiras do Quariterê, do qual é fundadora. É ainda membro do Fórum de Mulheres Negras de Mato Grosso, membro do CENEG, NSB, MPS, vice-presidente da Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (CONAQ), consultora do CDIR/ OAB/ MT e do MEMBRO DO GDIF/ UNEMAT/ CNPQ. Pesquisadora das mulheres negras e quilombolas, Silviane também é escritora e poetisa, compõe o Mulherio das Letras e o Núcleo Cultural de Escritoras Pretas de Mato Grosso.

Mudanças climáticas

Nas últimas semanas o tema “mudanças climáticas” teve seu foco na COP- 27, a 27ª Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (ONU). Mas pouca gente sabe que quase que paralelamente ocorreu no Chile outro importante evento que debate o assunto. Foi a PLEA, sigla em inglês do evento “Arquitetura Passiva e de Baixa Energia”, que debate o compromisso para o desenvolvimento, documentação e difusão dos princípios do design bioclimático e a aplicação de técnicas naturais e inovadoras para uma arquitetura e design urbano sustentável. PLEA serve como um fórum aberto, internacional e interdisciplinar para promover a investigação, prática e educação de alta qualidade em design ambientalmente sustentável.

O professor João Carlos Machado Sanches, da Universidade Estadual de Mato Grosso (Unemat) participou do PLEA. Junto com seus colegas Renata Mansuelo Alves Domingos e Emeli Lalesca Aparecida Guarda, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), e Eleonora Sad Assis, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), ele apresentou no fórum o artigo “Método de avaliação de microclima para planejamento urbano na Amazônia Legal.

No texto dos quatro acadêmicos foi destacado: “É evidente que a expansão populacional, que ocorreu principalmente a partir da Revolução Industrial,

contribuiu para mudanças no clima local fatores, uma vez que aumentou o consumo de recursos naturais e industrialização. Numa de forma desordenada, esta expansão altera o equilíbrio de o clima natural, contribuindo para a formação de o clima urbano local”.

Para o quase senso comum de que as mudanças climáticas decorrem, sobretudo, as emissões de gases de efeito estufa, os professores argumentam: “Os principais fatores relacionados com as alterações climáticas, tais como o aumento da temperatura e a diminuição de humidade relativa, são principalmente caracterizadas pelas propriedades térmicas dos materiais de construção, urbano morfologia, e a proporção entre o verde e áreas construídas. Além disso, estas alterações climáticas produzem condições adversas para a saúde humana desde o stress bioclimático pode prejudicar a produtividade e saúde da população devido ao desconforto térmico”.

João Carlos Machado Sanches possui graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), mestrado em Geografia pela Universidade Federal de Mato Grosso (2005) e doutorado em Urbanismo pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2015). Fez estágio de doutorado na Technische Universitat Munchen (TUM) em Munique (Alemanha), no departamento Bauklimatik und Haustechnik (Climadesign). Realizou estágio Pós-doutoral no Programa de Pós-graduação em Ambiente Construído e Patrimônio Sustentável da UFMG (2022). Tem cargo de professor adjunto, nível V, classe C da Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT) e é consultor em urbanismo e planejamento urbano. É líder do Grupo de Pesquisa em Tecnologias da Engenharia Civil e coordenou a pós-graduação Lato Sensu em Cidades e Construções Sustentáveis. Tem experiência na área de Arquitetura e Urbanismo, atuando principalmente nos seguintes temas: conforto ambiental, climatologia urbana, planejamento urbano e intervenção urbana. 

População de rua

Finalizando nossa pauta, vamos conversa com os sociólogos Paula Regina Gomes e Marco Natalino sobre o resultado da audiência pública, ocorrida nos dias 21 e 22 últimos, do Supremo Tribunal Federal (STF), sobre o despejo de população de rua nos espaços públicos.

Paula Regina Gomes, socióloga, é vice-presidente da Federação Nacional dos Sociólogos do Brasil, pesquisadora sobre População em Situação de Rua e Direitos Humanos e coordenador do Coletivo Voz e Rua. Marco Batalino é sociólogo, gestor público, pesquisador no Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), órgão da Presidência da República.

One Reply to “Escolas militarizadas, mudanças climáticas e o negro na transição são temas do ‘Almanaque 61’ deste sábado, 26”

  1. O processo evolutivo deveria buscar a escolarização dos militares, mas o que se vê é doutrinação e tecnicismo nesse meio. O pior é a militarização das escolas – nítido retrocesso que nos conduz a mais algumas décadas de atraso, haja vista que uma educação pela socialização e os estímulos às leituras e às ciências, sim, é o caminho para o franco desenvolvimento social e econômico. O meio militar (forças armadas, polícias militares e corpos de bombeiros militares) focam disciplina (com o mesmo rigor militar), doutrinação pela ótica da direita (em lugar do costumeiro, é deixar que o aluno aprenda e, após, escolha os tons de sua formação). A lenda da “educação pela esquerda” é uma falácia direitista; crianças e adolescentes, no Brasil, não aceitam plenamente sequer as orientações familiares, muito menos aceitariam ‘doutrinação’ partidária, como querem os que inventaram falas falsas como “escola sem partido” ou “ideologia de gênero” – malícias forjadas por idealistas das milícias.

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