Diversidade de opiniões marca debate sobre viabilidade da Ferrogrão

Foto: RGB

Hoje iniciamos um grande passo para nossa sociedade e para nosso Brasil, a fim de tratar de um assunto desafiador e de maneira imparcial. Que possamos sair daqui bem diferentes após as discussões sobre o tema, tendo um olhar positivo, a fim de buscarmos melhor infraestrutura para o nosso país e para o nosso povo”. Com esse discurso o presidente da Associação Nacional da Advocacia Unida Contra a Corrupção (AUCC), Luis Cláudio Landers, abriu webinar intitulado “Ferrogrão e Governança: um panorama e vários pontos de vista”.

O evento virtual, fruto de uma parceria da Rede Governança Brasil (RGB), do Instituto Latino-Americano de Governança e Compliance Público (IGCP) e AUCC, foi transmitido ao vivo nesta quinta-feira (27.08) e está disponível no canal do YouTube da RGB. A mediação do webinar foi conduzida pelo procurador federal e coordenador do Comitê de Governança na Agropecuária da RGB, Daniel Catelli.

Na oportunidade, o administrador de empresa e proprietário da Vaz e Ferreira, Edeon Vaz, compartilhou sua experiência no acompanhamento das condições das rodovias brasileiras, principalmente na época de escoamento da safra de grãos, destacando que a Ferrogrão é um assunto estratégico e tem vantagens ambientais.

“É sempre bom ajudar na discussão sobre questões voltadas ao agronegócio. É uma ferrovia estratégica para o Estado do Mato Grosso e para o Brasil. Essa ferrovia tem grandes ganhos ambientais. Nós tivemos uma grande experiência e teremos uma ferrovia totalmente técnica e produtiva”, afirmou

De acordo com Vaz, o projeto prevê um comboio de 160 vagões, sendo cada vagão desses com capacidade para até 100 toneladas, movidos por três locomotivas, e cada uma com 3 motores. “Estamos falando de nove motores que movimentarão 60 vagões. Isso substitui 400 caminhões. Serão quatrocentos caminhões que deixarão de emitir poluentes na Amazônia e região ”, defendeu o empresário.

O advogado, professor e diretor do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral, Melillo Dinis, um dos grandes debatedores de temas indígenas no país, destacou a necessidade de melhor equilíbrio nas discussões. “Há sempre, lá no fundo, tensões permanentes nas forças que disputam e que colaboram. E quando não há colaboração, há maior evidência das tensões sobre as disputas das diferentes forças. O poder e seus atores ficam mais explícitos. As ideias de governança e governabilidade estão relacionadas com as grandes condições de organizações destas forças”, completou.

Para o professor e pesquisador e mestre em Engenharia de Transportes e especialista

em Planejamento Urbano, Paulo Rezende, é necessário ter uma postura de liderança nos investimentos de infraestrutura.

“É necessário um alinhamento inteligente entre o social, o meio ambiente, as comunidades afetadas e a engenharia. Eu prego o consenso e não o conflito. Isso porque a tecnologia e o realinhamento da engenharia podem se adaptar, tranquilamente”.

Segundo o professor, que enfatizou extremo respeito ao meio ambiente e ao direito das comunidades em torno da Ferrogrão, o debate não é para gerar conflitos e sim criar parcerias.

“Esse é o desenvolvimento que precisamos liderar. A construção de ferrovias pode fazer com que a nossa matriz de transporte chegue há uma distribuição de rede mais adequada” acrescentou.

Marcelo da Costa, representando o Ministério da Infraestrutura e Logística, disse que a a discussão vai muito além do empreendimento Ferrogrão.

“É uma oportunidade de falar, de forma objetiva e direta, sobre o racional (…). Estamos aqui para resolver um problema histórico no país, dando à região Norte a produção e geração de empregos e renda, com equipamentos e infraestrutura… É equilibrar a nossa matriz de transporte, porque ainda somos um país rodoviário e competimos com os países da Europa, da Ásia e da América do Norte, como os Estados Unidos, como grande competidor do agronegócio”, argumentou ao lembrar da infraestrutura dos países desenvolvidos.

Conforte Costa, os Estados Unidos têm mais de 270 mil quilômetros de ferrovias operacionais. Já, no Brasil, a extensão do sistema de transporte soma apenas 20 mil km. “O Brasil precisa de uma redução de custo logístico”, enfatizou ao comentar sobre as vantagens do transporte ferroviário.

Já engenheira ambiental e especialista em ESG (Enviromental, Social and Governance), Camila Bugarim, defendeu que a juventude consumidora precisa ser ouvida nesse processo.

“Tomei a liberdade de ouvir opiniões no grupo que atuo, através de formulários, cartas de anuência, inclusive de pessoas que moram no trecho da Ferrogrão. O que me chamou atenção nessa pesquisa, mesmo sendo informal, acaba sendo um instrumento ESG… ouvir um público que é ouvido. Não só os indígenas, não só as comunidades do local, não só os empresários, mas os jovens consumidores dessa grande obra. Se nós temos uma concessão para 40 anos e tempo que se levará para a construção dela, quem serão os usuários?”, questionou.

“O evento teve um nível elevadíssimo de seus palestrantes, todos com informações atuais e com substancial fundamento, demonstrando a importância de promovermos o diálogo sobre os temas essenciais para o desenvolvimento nacional, como é o caso da Ferrogrão”, finalizou o coordenador do Comitê Governança de Agricultura, Daniel Catelli.

Everaldo Galdino – Da Assessoria de Imprensa RGB

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