O maior partido do Brasil é o centrão

Por Carlos Oliveira

Sempre ouvi dos mais velhos o ditado de que não podemos colocar todos os ovos em uma única cesta.

O centrão tem provado que esse ditado é verdadeiro. Formado por uma dezena de partidos, ele pode ser considerado hoje o maior partido do Brasil. E qual o seu segredo? Exatamente o de não colocar todos os deputados em uma única legenda. Assim consegue ter ideologias para todos os gostos, agradam quase todos os tipos de eleitores, elegem a maior bancada e explora qualquer governo.

Foi assim com Collor, Itamar Franco, FHC, Lula, Dilma, Temer e agora com Bolsonaro. Não sabemos quem será o próximo presidente, mas sabemos quem dará as cartas no próximo governo. O centrão precisa de cargos para sobreviver, mas os cargos só vêm porque ele tem uma bancada capaz de dar sustentação ou derrubar qualquer governo.

O centrão, que não tem político algum de estimação, planeja como ampliar sua bancada na próxima eleição, pois bancada grande é sinônimo de poder

A lógica é simples: com muitas candidaturas espalhadas na dezena de legendas – entre pequenas e médias –  consegue eleger uma grande bancada. Com essa bancada consegue tornar qualquer governo seu refém, assim consegue ministérios e cargos no segundo, terceiro e quantos mais escalões tiver. Consegue também muitas verbas de emendas parlamentares. Com os cargos consegue manter seus cabos eleitorais e com as verbas consegue ampliar suas bases levando obras para os municípios que os apoiam, sempre mirando a próxima eleição.

Enquanto a direita e a esquerda brigam defendendo seus políticos de estimação, o centrão, que não tem político algum de estimação, planeja como ampliar sua bancada na próxima eleição, pois bancada grande é sinônimo de poder.

Dessa forma, a eleição de Artur Lira para presidência da Câmara Federal não fortalece o governo Bolsonaro e sim o próprio centrão. O governo há muito tempo já se tornou refém do centrão e não lhe restava alternativa a não ser apoiar qualquer nome que lhe fosse apresentado por ele. Nesse momento, Bolsonaro precisa muito mais do centrão do que o centrão precisa dele.

Bolsonaro está preocupado com sua reeleição. O centrão está preocupado em ampliar sua bancada, pois qualquer que seja o presidente em 2023 terá que sentar-se à mesa com ele para conseguir governar. Assim, posso afirmar que Artur Lira não será fiel ao Bolsonaro e sim ao seu partido: o centrão.

* Carlos Oliveira é publicitário e mestre em Comunicação e Sociedade

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