Programa que receberá o professor e sindicalista vai ao ar nesta quinta (9/10), às 19h, ao vivo, pela TV 61
Da Redação
A terceira edição do programa Pensar DF tem como tema “Escolas Militarizadas, uma estupidez contra a cidadania”, que será abordado em entrevista com o professor Júlio Barros, diretor do Sindicato dos Professores do Distrito Federal (Sinpro-DF). A transmissão será nesta quinta-feira (9/10), à 19h, ao vivo, pela TV 61.
Confira o link da transmissão no final desta matéria.
A provocação deste debate é pertinente, sobretudo, em um momento em que o Governo do Distrito Federal planeja a transformação de ao menos mais quatro dezenas de instituições de ensino de Brasília no que chama de “escolas cívico-militares”.
A militarização das escolas, tanto na capital da República quanto no resto do país, é tema polêmico. Instituídas a partir do governo fascista de Jair Bolsonaro e abraçada por governadores seus seguidores, como Ibaneis Rocha, a suposta parceria cívico-militar é suplantada pelo modelo de caserna que os militares que atuam dentro das escolas impõem, invariavelmente transgredindo seus limites e avançado até sobre currículos e funções de professores, pessoal técnico-pedagógico e até diretores.
É necessário mencionar, sobretudo, que a militarização das escolas públicas é um projeto de controle sobre jovens periféricos, reforçando o preconceito social e o racismo estrutural a partir de uma ação do Estado – investida institucional, portanto, – com seu aparato de repressão “preventivo” sobre as comunidades travestido da implementação de supostas orientações de “boas condutas e disciplina no âmbito escolar”.
Estes e outros pontos o programa Pensar DF tratará na entrevista com Júlio Barros. Ele é professor de História e mestre em Educação pela Universidade de Brasília (UnB). Além de diretor do Sinpro-DF, é coordenador do Fórum Distrital de Educação (FDE) e membro da Comissão de Monitoramento e Avaliação do Plano Distrital de Educação (PDE).
A militarização das escolas públicas, tanto na capital da República quanto no resto do país, é tema que merece repúdio da sociedade. Instituídas antes do governo fascista de Jair Bolsonaro, elas foram abraçadas por governadores da esquerda e da direita. Na Bahia, por exemplo, o governador petista Rui Costa implantou uma centena delas. Aqui em Brasília, Ibaneis Rocha, bolsonarista de carteirinha, inspirado pelo genocida, implantou quatro dessas escolas já na segunda semana do seu mandato; Marconi Perillo, no Goiás, começou bem antes.
Agora Ibaneis promete implantar mais 40. Originalmente essas escolas do DF eram tratadas como de “gestão compartilhada” (PM e Secretaria de educação), depois, inspirado em Bolsonaro, por uma questão de marketing, Ibaneis renomeou-as de “Escolas cívico-militares”.
O “cívico” no caso, vem de uma noção militar, atrasada, conservadora, reacionária, sobre o que entendem como pátria, nação, é o tal do “patriotismo de escoteiro”, como diz o historiador Carlos Fico. O fato é que os militares entraram na escola para dar ordens aos alunos e aos professores. Prevalece a cultura militar, autoritária, do superior impondo ao inferior: “eu mando e você obedece”. Se o professor, na sala de aula, fala em democracia, respeito, direitos, o militar impõe-se pelo autoritarismo. É o que chamam de “disciplina”. Ou seja, disciplinado é aquele que obedece ao superior.
A escola militarizada funciona como um quartel, segue o regimento de quartel, e os PM, armados, dentro da escola, agem como se estivessem num quartel. Ocorre que, diferente de um quartel, eles não estão lidando com adultos sendo preparados para enfrentar o crime, mas jovens que vão a escola para ter as primeiras noções de humanidade, e para aprender. Ao invés de serem acolhidos os jovens são, continuamente, alvo de crueldade, humilhação, repressão. Na prática, essa garotada da periferia, negros e pardos, são os brinquedinhos dos militares.
O Pensar DF tem apresentação do professor, advogado e historiador Alisson Lopes, do jornalista e escritor Dioclécio Luz e do jornalista João Orozimbo Negrão. Os três são ativistas que atuam conjuntamente em algumas frentes democráticas dentro de fora das mídias sociais.
O brasiliense Alisson Lopes é professor de História e advogado. Especialista em Educação e em Direitos Humanos, é capoeirista e um grande disseminador deste esporte nacional. Nas redes, manteve por longo período o programa Direito à Cidade, pelo qual discutiu os direitos dos cidadãos sobre seus territórios.
Dioclécio Luz é jornalista e escritor, natural de Recife (PE), mora há mais de 30 anos em Brasília, tempo em que atua no rádio produzindo e apresentando o programa “Canta Nordeste”. Tem mestrado pela UnB, ministrou cursos e oficinas de comunicação, radiojornalismo, cultura e meio ambiente para movimentos sociais, universidades, instituições internacionais e ONGs. Por mais de 15 anos foi assessor na Câmara dos Deputados e, depois, no Ministério do Meio Ambiente. Publicou 14 livros sob temas diversos. O mais recente, “A escola do medo”, resultado de uma pesquisa de quatro anos, critica a entrega de escolas públicas para os militares da PM, Bombeiros e Forças Armadas.
João Orozimbo Negrão, jornalista nascido em Brasília, foi repórter, editor e diretor de diversos veículos de comunicação no Distrito Federal, Mato Grosso e Goiás. Tem especialização em Marketing, um livro-reportagem publicado (Um levante da cuiabania) e mais dois no prelo (Sargento Filho – A história do professor de Brasília que peitou o chefe do crime organizado em Mato Grosso; e Confissões de um repórter que (quase) sempre entrou na pauta).
Abaixo, o link da transmissão. Acione o sininho e nos acompanhe: