Sob ameaça violenta de grileiros, famílias aguardam efetivação da reforma agrária, enquanto até técnicos do Incra são ameaçados
Da Redação
Aproximadamente 70 famílias continuam aguardando a promessa do Incra (Instituto de Colonização e Reforma Agrária) de regularização fundiária do Acampamento Nova Aliança, em Itanhangá (MT). O órgão federal interrompeu seu trabalho sem dar nenhuma explicação às famílias, que continuam sob ameaças violentas por parte dos fazendeiros que insistem em grila a gleba destinada há décadas para o assentamento das famílias.
O recuo do Incra leva as lideranças de trabalhadores rurais a suspeitar que o Incra se rendeu às ameaças dos fazendeiros-grileiros, pois eles recebem apoio de políticos locais, estaduais e nacionais. São prefeitos, vereadores, deputados estaduais e federais e senadores, todos ligados à bancada ruralista e da bala.
A ousadia dos grileiros é tamanha que até técnicos do Incra são ameaçados, como ocorreu em julho do ano passado, quando uma equipe do órgão estava no acampamento fazendo a regularização fundiária e entrega dos lotes às famílias beneficiadas. Confira os vídeos abaixo:
“Recentemente, cerca de 15 famílias deram um passo importante nesse processo ao receberem o Contrato de Concessão de Uso (CCU), além de benefícios financeiros para viabilizar sua permanência na terra. Cada uma dessas famílias recebeu R$ 8.000,00 de fomento para investir na produção agrícola e R$ 75.000,00 de crédito habitacional, já depositado em conta, para a construção de moradias adequadas. Uma empresa foi contratada para realizar as obras, garantindo que os beneficiários deixem de viver em barracos de lona e possam construir moradias. No entanto, apesar desse avanço, a insegurança na área continua sendo um obstáculo”, relata Fábio Bento Machado, presidente da Associação dos Pequenos Produtores Rurais do Planalto (ASSOPLAN).
Mas mesmo as famílias já assentadas vivem sob constantes ameaças dos grileiros. Uma delas é Madalena dos Anjos, uma das beneficiárias do CCU. Ela relatou que não consegue tomar posse de seu lote devido as constantes ameaças de fazendeiros-grileiros. A situação tem gerado medo e incerteza entre os assentados, que temem represálias e possíveis conflitos na região.
Recentemente ela fez uma postagem em suas redes sociais fazendo a denúncia. Confira:
https://www.facebook.com/share/v/15yXRsrVbB
Confira também os áudios de outras mulheres relatando a grave situação em qu estão vivendo:
Diante desse cenário, o Incra se comprometeu a agir com celeridade para garantir a segurança e o direito à terra das famílias. No entanto, moradores e lideranças locais cobram medidas concretas e urgentes para evitar que o processo de regularização fundiária seja paralisado pela intimidação e pela violência no campo.
ASSOPLAN cobra ações imediatas
Fábio Bento Machado, tem se mobilizado para garantir que a situação seja resolvida. Em contato com nossa reportagem, ele afirmou que tem participado de audiências e reuniões com o Ministério Público Federal, a Defensoria Pública da União e o INCRA de Brasília, cobrando uma solução rápida para o caso.
“A luta dessas famílias não pode esperar mais. O INCRA precisa tomar as rédeas e garantir que os assentados tenham posse definitiva de seus lotes, sem medo de represálias”, destacou Fábio Bento Machado.
A luta pela terra no Acampamento Nova Aliança reflete os desafios da reforma agrária no Brasil. Enquanto parte das famílias já recebe apoio, outras seguem expostas à insegurança e à espera de um futuro mais estável. Movimentos sociais e organizações de direitos humanos seguem pressionando para que o Estado garanta a proteção e a dignidade dos trabalhadores rurais que buscam apenas o direito de produzir e viver com segurança.
Confira os áudios e vídeos: