Exibição de filme sobre luta de libertação do povo saaraui é censurada pelo governo Ibaneis

GDF se acovarda e se submete à imposição da Embaixada do Reino do Marrocos, ou seja, aceitou a censura de um governo estrangeiro na administração distrital

Da Redação

Uma covardia de proporções continentais tomou conta do governo de Ibaneis Rocha, que, se submentendo à imposição de um país estrangeiro sobre a administração distrital, estabeleceu a volta da censura em Brasília.

A exibição do filme O Deserto do Deserto, de Samir Abujamra e Tito González, estava previsto para ser exibido no Cine Brasília, do Governo do Distrito Federal, no dia 19 deste mês. Mas o covarde Ibaneis Rocha aceitou as fortes pressões feitas pela embaixada marroquina e proibiu a sessão.

O documentário O Deserto do Deserto mostra a luta do povo do Saara Ocidental por sua independência contra o Marrocos. O Saara Ocidental é a última colônia africana. Foi submetida ao colonialismo pelo Marrocos há 40 anos.

A exibição do filme foi programada pela Associação de Solidariedade e pela Autodeterminação do Povo Saaraui (Assaaraui), que teve que transferí-la para o Cine Cultura, no Liberty Mall Shopping, no Setor Comercial Norte Qd. 2, Bl. D, Asa Norte.

“A resposta a essa censura é frustrar seu objetivo e furar o bloqueio imposto por um país estrangeiro contra um filme nacional brasileiro”, afirma a Nota de Esclarecimento divulgada pela Assaraui. “A depender da Asaaraui, o filme será exibido no Plano Piloto e em todas as cidades satélites, como uma resposta de Brasília a essa ingerência de um país estrangeiro sobre a cultura nacional e local”, acrescenta o documento.

Confira abaixo a nota da Assaraui, na qual a entidade detalha a censura do GDF à exibição do documentário e as imposições da embaixada marroquina:

NOTA DE ESCLARECIMENTO

Condenamos enfaticamente a ingerência tão descabida quanto arrogante da Embaixada do Reino colonial do Marrocos, assim como a atitude do governo do DF, que se mostrou subserviente a um país estrangeiro em detrimento do cinema nacional e da cultura local.

A VOLTA DA CENSURA EM BRASÍLIA!
Brasília, 11 de setembro de 2024

Na antevéspera dos 40 anos do fim da ditadura, suspensão da exibição de filme sobre o Saara Ocidental aquece a temperatura, já alta, e seca ainda mais o ar seco na Capital Federal. Abaixo a ditadura, grito ecoado por anos naquele período, volta a ser lembrado.


“A resposta a essa censura é frustrar seu objetivo e furar o bloqueio imposto por um país estrangeiro contra um filme nacional brasileiro.”

Essa é a decisão da Associação de Solidariedade e pela Autodeterminação do Povo Saaraui, após receber a informação da suspensão da exibição do filme documentário O Deserto do Deserto, de Samir Abujamra e Tito González.

O filme estava para ser exibido no Cine Brasília no dia 19, em uma única sessão, às 19h. A suspensão é atribuída a forte pressão imprimida pelo Marrocos sobre o Governo do Distrito Federal. “Uma situação esdrúxula é inaceitável” – afirma a Asaaraui.


“Uma coisa é o povo brasileiro respeitar e acolher outros povos, prestar solidariedade a todos, manifestar-se livremente contra opressões de qualquer tipo. Outra coisa é um país estrangeiro ditar regras na nossa Capital” – enfatiza a Associação.

O Cine Brasília, administrado pela Box Cultural, é do escopo de atuação da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do GDF, onde tramitaram ofícios com a solicitação de exibição de filmes sobre o Saara Ocidental. Posteriormente, em sequência, a exibição de O Deserto do Deserto ficou agendada e confirmada com o Cine Brasília, entrada gratuita. A Associação iniciou a divulgação.  A repercussão foi maior do que a esperada até por muitos de seus diretores.

Houve então a incidência do Marrocos sobre o GDF. Surgiu a alegação de que a logomarca do GDF e a da Secretaria não poderiam constar das peças de divulgação. A inclusão das “logomarcas” oficiais é exigência da Carta de Serviços do Cine Brasília, obrigatória em cartazes de obras cinematográficas exibidas na sala pública. A Associação determinou a retirada das logomarcas, vencendo esse obstáculo, e a censura então se apresentou à luz do dia desértico do Distrito Federal, exibindo a sua face em plena democracia brasileira.

Entrou em campo a Secretaria de Relações Internacionais e a antessala do Gabinete do Governo. A decisão foi a suspensão, mesmo com a notícia do processo em andamento de retirada das marcas colocadas por obrigatoriedade e exigência do Cinema.

“Serão ainda mais intensos os esforços pela exibição do filme documentário em Brasília. Precisamos evitar isso, demonstrando, na prática, que a Capital do país deve ser exemplo de liberdade de expressão, em vez de se tornar uma vista de sol quadrado, vítima do desconhecimento, do obscurantismo e da falta de informação.” É o que prometem os diretores da Asaaraui, pessoas que lutaram contra a ditadura, e não aceitam a volta da censura, oficial, por pressão política, econômica, social, velada, em qual formato vier.

Nosso apelo:

Assista ao filme O Deserto do Deserto, de Samir Abujamra e Tito González, cuja divulgação para o Cine Brasília levou ao desespero o Marrocos a ponto de pressionar o GDF para suspender a sua exibição.

A depender da Asaaraui, o filme será exibido no Plano Piloto e em todas as cidades satélites, como uma resposta de Brasília a essa ingerência de um país estrangeiro sobre a cultura nacional e local.

Esta é a ação: Vamos divulgar. Vamos assistir. Vamos denunciar qualquer ingerência descabida e arrogante sobre a cultura nacional e local.

Essa mobilização será também em respeito:

  • Aos que já haviam confirmado presença no Cine Brasília, com capacidade para 600 pessoas, dia 19/9 às 19h;
  • Às centenas de espectadores em potencial;
  • À população que obteria informação pela imprensa.

Assina: Associação de Solidariedade e pela Autodeterminação do Povo Saaraui

2 Replies to “Exibição de filme sobre luta de libertação do povo saaraui é censurada pelo governo Ibaneis”

  1. Força e Coragem, sempre! Vivas ao povo Saarauí! Abaixo o colonialismo. Ingan’ês – engana eles – subjugado ao Capital na capital. Vamos ao cinema, moçada.

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