HIVIDA oferece programação cultural com homenagem a Cazuza e Cinema Mostra Aids
No início do mês, Brasília foi palco da estreia do HIVIDA, um evento concebido para promover os direitos humanos e combater o estigma e a discriminação associados ao HIV e à aids. A programação do projeto segue até 10/12 (Dia Internacional dos Direitos Humanos) com diversas atrações culturais, no Espaço Cultural Renato Russo: Cinema Mostra AIDS, Homenagem a Cazuza, 65 anos, e Exposição Fotográfica A Potência em Imagens. O HIVIDA realiza ainda rodas de conversas e workshops, cujas informações e inscrições estão disponíveis no site da UNAIDS.
“São 10 dias de uma programação diversa e intensa, incluindo atrações culturais, para sensibilizar a população e as autoridades sobre as lacunas que ainda persistem no combate à discriminação que limita e impede o acesso aos serviços de resposta ao HIV”, destaca Claudia Velasquez, Diretora e Representante do UNAIDS no Brasil.
Cinema Mostra AIDS
O HIVIDA tem em sua programação uma exibição de filmes premiados sobre HIV e aids, que acontece de quinta (7) a sábado (9), das 18h às 23h.
Realizado pela primeira vez em 1997, o Cinema Mostra AIDS é uma iniciativa do Grupo Pela Vidda/SP que visa abordar a temática da aids e fomentar o debate por meio da produção cinematográfica e audiovisual mais recente sobre o tema, tanto no Brasil quanto no mundo. Em sua 12ª edição, a mostra é realizada em Brasília com uma curadoria de 14 títulos, abrangendo longas, médias e curtas-metragens. Os filmes revelam as diversas facetas dos desafios contemporâneos e da realidade brasileira no enfrentamento à epidemia de aids, destacando a relevância da questão para a saúde coletiva, a sociedade e a vida das pessoas.
Entre os títulos escolhidos, encontram-se documentários que expõem como o estigma em torno do HIV e da aids continua a impactar a vida das pessoas, tais como: O Som das Décadas, de Diego Krausz; Agora que Eu Sei, de Fabiano Cafure e Tente Entender o que Tento Dizer, de Emília Silveira.
A vida com HIV é tema de curta-metragem
Ainda no campo da produção cinematográfica sobre HIV/aids, o Espaço Cultural Renato Russo será palco, também no dia 09/12, da estreia, em Brasília, do curta-metragem Poder Falar, de Evandro Manchini – uma autoficção que aborda a trajetória de um jovem cineasta ao lidar com a complexidade de receber um diagnóstico reagente para o HIV no dia em que faz aniversário.
Ao misturar narrativa ficcional e documental, o filme traz à tona informações, reflexões, símbolos e personagens importantes da luta pela dignidade da vida, como o emblemático slogan Silêncio=Morte, do grupo ActUp, e o discurso em prol da vida, que traz a memória de Herbert Daniel, um dos ativistas pioneiros na luta pelos direitos das pessoas vivendo com HIV
Celebrando Cazuza
Além disso, no mesmo sábado (09/12), a partir das 17h, o jornalista, ativista e poeta Ramon Nunes Mello fará uma leitura de poemas de seu livro Há um mar no fundo de cada sonho (2016), em que aborda sua vivência com o HIV. Ele também prestará uma homenagem a Cazuza, que faria 65 anos este ano, lendo poemas e canções do artista. Ramon é o responsável pela organização de um livro de poemas e uma fotobiografia sobre o artista, a convite de Lucinha Araújo (mãe de Cazuza), cujo lançamento acontece no próximo ano, pela editora Martins Fontes.
“Cazuza, antes de tudo, foi um grande poeta. Um poeta da canção, das esquinas, marginal. Deixou uma obra imensa, não só na MPB, mas na literatura brasileira. Além de sua arte, deixou, sobretudo, um legado de coragem e honestidade. Foi um homem de seu tempo, que tem a voz reverberada em nosso tempo. Foi o primeiro artista nacional a falar abertamente da aids, mesmo em meio a tanto preconceito”, conta Ramon Nunes.
Ativista pelos direitos humanos, Ramon descobriu sua sorologia para o HIV em 2012. Mestre em Poesia Brasileira, é autor dos livros Vinis mofados (Língua Geral, 2009), Poemas tirados de notícias de jornal (Móbile, 2011), Há um mar no fundo de cada sonho (Verso Brasil, 2016) e A menina que queria ser árvore (Quase Oito, 2018).
Expo A Potência em Imagens
A exposição apresenta o trabalho do fotógrafo norte-americano Sean Black, capturando a força e a autenticidade de um grupo de travestis e mulheres trans residentes da Casa Florescer, um centro de acolhimento localizado em São Paulo. No ensaio, o fotógrafo procurou transcender os limites tradicionais da beleza, conectando-os ao autoconhecimento e ao autocuidado.
Sean Black nos lembra que a beleza é subjetiva e que evolui através das culturas e ao longo do tempo: “garantir que as mulheres retratadas pudessem expressar suas próprias visões de beleza foi uma maneira poderosa de apoiar o fortalecimento de suas identidades”, explica o fotógrafo.
Da Assessoria