“A cultura tem essa missão disruptiva de abrir caminhos por meio da literatura, do cinema, das novelas, das artes visuais e tantas outras vertentes para a valorização das identidades lésbicas”, afirma ministra
A arte e todas as suas manifestações têm um papel histórico na expressão das diversidades e no combate à marginalização das orientações sexuais e identidades de gênero. No Dia Nacional da Visibilidade Lésbica, celebrado neste 29 de agosto, o Ministério da Cultura (MinC), comemora a força, o olhar sensível e a importância da representatividade da mulher lésbica para a sociedade e a cultura.
“A cultura tem essa missão disruptiva de abrir caminhos por meio da literatura, do cinema, das novelas, das artes visuais e tantas outras vertentes para a valorização das identidades lésbicas para novos e melhores tempos livres violência e preconceitos”, pontua a ministra Margareth Menezes. Para a chefe da Cultura um caminho possível para romper com o modelo único de idealização heteronormativa é por meio da representatividade e pela criação de políticas afirmativas de reparação.
Construção e representatividade
Muitos nomes compõem a lista de obras que remontam à construção de uma identidade lésbica por meio das artes no Brasil. Uma delas, a escritora Cassandra Rios, mulher lésbica, foi a primeira a vender um milhão de livros no país, apesar de censurada pela ditadura militar.
Obras como o filme Flores Raras, do diretor Bruno Barreto, que aborda a história do relacionamento entre a arquiteta brasileira Lota de Macedo Soares e a poeta norte‐americana Elizabeth Bishop leva essa realidade à tela do cinema. Ou ainda a saga de mulheres lésbicas negras, assassinadas por sua cor e orientação sexual, como Luana Barbosa dos Reis, que teve sua história contada no documentário Eu Sou a Próxima, pelo coletivo feminista Luana Barbosa.
Contar as histórias dessas e de outras mulheres é abrir caminhos para que a visibilidade lésbica seja, de fato, efetivada. Para valorizar e garantir a representação das mulheres lésbicas em iniciativas e produções culturais, o MinC lança em 1º de setembro, em Recife (PE), o Edital Cultura Viva – Sérgio Mamberti, que tem entre suas categorias o prêmio Diversidade Cultural, e o Edital Cultura Viva: Fomento a Pontões de Cultura, que irá selecionar projetos na áreas de Gênero, Diversidade e Direitos Humanos.
A secretária de Cidadania e da Diversidade Cultural (SCDC) do MinC, Márcia Rollemberg, explica que a premiação desempenha um papel fundamental na promoção da inclusão e no reconhecimento das expressões culturais de grupos marginalizados que compõem a diversidade cultural brasileira. “Comunidades que têm enfrentado históricas formas de exclusão e discriminação, o que torna ainda mais importante valorizar e celebrar suas contribuições”, avalia.
Conselho Nacional dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+
O Minc também ocupa assento no Conselho Nacional dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+ (CNLGBTQIA+), com o chefe de gabinete da SCDC, Alisson da Silva Pereira, como titular no âmbito do governo federal.
A presidente do CNLGBTQIA+, Janaína Oliveira, afirma que, nesse novo momento do Conselho, há uma maior ênfase na inclusão de todas as identidades presentes na sigla. “Ela abrange orientações sexuais e identidades de gênero diversas, a fim de garantir que todas as pessoas sejam representadas e protegidas”.
Janaina diz ainda que é essencial falar sobre a falta de visibilidade das lésbicas para combater a discriminação e o preconceito enfrentados diariamente. “A invisibilidade das lésbicas, pode levar a estereótipos prejudiciais e à marginalização em diversos aspectos da vida, como no mercado de trabalho, na saúde pública, na assistência social, na mídia e até mesmo na própria comunidade LGBTQIA+”.
Dados do 1º LesboCenso Nacional: Mapeamento de Vivências Lésbicas no Brasil, organizado pela Liga Brasileira de Lésbicas e pela Associação Lésbica Feminista de Brasília – Coturno de Vênus, aponta que mais de 78% das entrevistadas já sofreu algum tipo de lesbofobia, vivenciando assédios, estupros corretivos, agressões e todo tipo de violência.
Dia Nacional da Visibilidade Lésbica
A data foi criada em 1996, durante o 1º Seminário Nacional de Lésbicas, para lembrar a existência da mulher lésbica, bem como as violências sofridas e as pautas que são reivindicadas pelo movimento.
Fonte: MinC