A 1º Semana da Agroecologia de MT começa nesta segunda, 4, e segue com discussões até 9 de outubro com ato no rio Paraguai em Barra do Bugres.
O desmatamento na floresta, destruição do Cerrado, escassez hídrica, uso de agrotóxicos e a fome que assola o estado campeão em produção de carne e grãos são os debates da Primeira Semana de Agroecologia de Mato Grosso. O objetivo é ir além dos problemas e apresentar caminhos de transição para um novo modelo de agricultura livre de veneno, desmatamento e que assegure soberania alimentar a todos. A proposta é fomentar a Agroecologia como um caminho para soluções.
Os debates envolvem pesquisadores, agricultores, ambientalistas de todo país que vão se reunir entre os dias 4 e 10 de outubro, durante o evento virtual para tratar do tema “O agro sem o veneno do agronegócio”. Os debates são gratuitos e serão transmitidos ao vivo no canal do YouTube/semana da agroecologia e nas páginas do Facebook das entidades parceiras do evento (lista no final).
A semana tem como objetivo sensibilizar a sociedade sobre os benefícios da agroecologia, da produção e do consumo de alimentos orgânicos. Serão desenvolvidas atividades educativas e culturais relacionadas à produção agroecológica e ao equilíbrio ambiental.
A Semana de Agroecologia conta com uma programação extensa de mesas de debate e palestras. Entre os convidados do evento participam Luiz Zarref, do Movimento Sem Terra (MST), o líder indígena Typju Myky, o teólogo, escritor, filósofo e professor universitário Leonardo Boff, e o pesquisador da Fiocruz e UFMT, Wanderlei Pignati.
Caminhos para enfrentar a fome que voltou a assolar a população também serão foco dos debates. “Falta prioridade dos governo para alocar recursos e atender a população que precisa. Também faltou um modelo de desenvolvimento econômico que dê oportunidade às pessoas de produzir, ter trabalho, renda e alimento nas mesas. O Caminho da agroecologia além de ser socioambientalmente sustentável é lucrativo. É possível produzir com o conceito da agroecologia, gerando mais renda e riqueza que o agronegócio”, diz Lúdio Cabral, médico e deputado estadual de Mato Grosso, autor da Lei nº 11337/2021,que idealizou os debates.
Fome na terra do agronegócio
Muitos representantes de organizações de base do terceiro setor também devem participar dos debates. “Os temas são aqueles que giram em torno da problemática do Estado, que importa em torno de 80 a 85% do alimento que consomem. É falso dizer que o Brasil alimenta o alimentar o mundo enquanto a população passa fome, ou seja, a comida, por exemplo, o que se produz e que se consome na mesa do mato-grossense, vem de fora, exceto alguns alimentos como mamão, melão, banana, alguns alimentos que se produz aqui na agricultura familiar, pois grande parte são exportados”, enfatizou Herman Oliveira, o representante do Fórum Mato-Grossense de Meio Ambiente e Desenvolvimento (Formad), que será um dos coordenadores do painel sobre o tema “Agroecologia e Saúde Socioambiental : ZSEE em perspectiva“.
O encontro sobre a democratização do uso do solo em Mato Grosso será no dia 6 de outubro, quarta-feira, a partir das 18h.
Hernan Oliveira relembra que a agroecologia é um debate político e não apenas uma prática agrícola. “A agroecologia diferente dos orgânicos, não é só uma prática, exclusivamente voltada para o campo agrícola, e sim uma discussão política, comportamental e de cuidados com o meio ambiente”.
O uso dos agrotóxicos, a grave crise hídrica, saúde, o sindicalismo no campo e a agricultura familiar estão entre os assuntos que também serão abordados na programação do evento. “Mato Grosso ainda não incorpora as discussões sobre agroecologia numa proposta de sustentabilidade, principalmente nas questões sobre crise climática e hídrica. Situações em grande escala que prejudicam toda a população, inclusive, o modelo de agricultura que hoje domina o estado.“, conclui.
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU) a fome é um dos grandes desafios da próxima década. Um levantamento da instituição de 2021 revelou que uma em cada oito pessoas está subnutrida no mundo. Cerca de 2,3 bilhões de pessoas, 30% da população mundial, têm restrições nutricionais. As mulheres e crianças são as principais vítimas. Mais de 149 milhões de crianças menores de 5 anos vivem com desnutrição crônica.
No Brasil e em Mato Grosso, campeões de rebanho bovino e produção de grãos, a fome ganha escalas inaceitáveis. Em um estado com 30 milhões de cabeças de gado segundo o IBGE – dez por habitantes, grande parte da população passa fome, não tem o que comer. Recentemente, reportagens nacionais mostraram centenas de mato-grossenses na fila de restos de ossos.
O problema não é falta de produção e sim o sistema que precisa ser modificado. Estima-se que 1% das fazendas ocupa pelo menos 70% das terras agrícolas globais. Estas canalizam alimentos para cadeias globais de suprimento voltadas para exportação. Isso gera a destruição da auto suficiência alimentar doméstica no Brasil e em Mato Grosso. Com o aumento contínuo da produção voltada para a exportação, muitas comunidades também acabam expulsas das próprias terras.
O atual sistema também arrasa florestas, reduz as chuvas e é uma bomba armada para as mudanças climáticas. Cerca de 80% de tudo que foi desmatado na Amazônia foi para o gado e as lavouras, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. (INPE).
De acordo com os cientistas do painel intergovernamental de mudanças climáticas da Organização das Nações Unidas (IPCC/ONU), a agropecuária responde por um terço das emissões de gases que aquecem o planeta e provocam as mudanças climáticas. Com o planeta mais quente, temos menos chuvas. A atual crise hídrica no Pantanal já é um reflexo desse problema.
Agroecologia é o caminho
A agroecologia tem como base os processos da natureza, com o plantio de diversas espécies combinadas na mesma área. Algo que vai além da produção orgânica e de abolir o uso de insumos químicos e veneno. Esse sistema considera ainda o impacto social e ambiental da produção.
O manejo agroecológico aumenta a disponibilidade de nutrientes no solo, se tornando um sistema de produção mais sustentável e mais saudável, e é uma alternativa ao modelo convencional de agricultura difundido em Mato Grosso, com alto uso de agrotóxicos e baseado na compra de insumos, que provoca rápido esgotamento do solo. A transição para esse novo modelo é o foco do encontro!
Da Assessoria de Imprensa
Contato: (65) 99619-6788/99239-9115
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ORGANIZAÇÃO:
COMITÊ POPULAR DO RIO PARAGUAI
CPORG
FASE
FÉ E VIDA
FETAGRI-MT
FORMAD
GRUPO SEMENTE
ICV
INSTITUTO GAIA
LABORATÓRIO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL E RESTAURAÇÃO ECOLÓGICA/UNEMAT
NEAST/ISC/UFMT
MST
PROJETO GAIA/UFMT
PROJETO DO CAMPO À MESA/RECOOPSOL/UFMT
MANDATO LÚDIO CABRAL
APOIO
ABA Agroecologia
ARCA MULTINCUBADORA
ARPA – Associação Regional de Produtores/as Agroecológicos;
CONTAG
CTA – Centro de Tecnologia Alternativa
IFMT
NEPEA
PROGRAMA HUMEDALES SIN FRONTERAS
UFMT
UNEMAT
Programação
Dia 04 /10
9h – Solenidade de Abertura da Semana da Agroecologia de Mato Grosso.
Islandia Bezerra da Costa – UFAL (Alagoas) – presidenta da ABA Associação Brasileira de Agroecologia;
Leonardo Boff – Doutor pela Universidade de Munique, escritor e militante de agroecologia
Fátima Aparecida Moura – Grupo de Intercâmbio da Agricultura Sustentável (GIAS/ ANA)
Brunna Sachs – Embaixadora de campanha global para combater mudanças climáticas, Hiparidi Dzutsi Wa Top’tiro
Vanda e Salomão – responsáveis pela articulação cultural
Luiz Zarref – MST
Herman Oliveira – Formad
14h – O papel da CPOrg-MT no fomento da produção orgânica em MT
Celso Kiyoshi Hazama,
Cleiton Leonardo Nascimento de Souza
Franciele Tonietti Capile Guedes e
George Luiz de Lima
Dia 05/10
18h Soberania e Direito à Alimentação
Irene Maria Cardoso,
Eduardo Darvin,
Typju Myky,
Edgar Amaral Moura,
Claudia Alves de Araújo e
Nina Paula Laranjeira
Dia 06/10
18h – Agroecologia e Saúde Socioambiental: ZSEE em perspectiva
Abilio Soares
Maelison Neves,
Marcia Montanari
Miraci Pereira da Silva
Bruno Choairy Cunha de Lima
07/10 – Agroecologia: caminhos e experiência
Apresentação de 4 vídeos, com 28 experiências agroecológicas (3 min).
9h – Experiências agroecológicas, agricultura familiar e sindicalismo Antônio Gilberto Viegas da Silva – Assessor Regional Centro Oeste CONTAG,
Vania Marques Pinto – Secretaria de Política Agrícola da CONTAG
Melissa Gabrieli da Silva Vieira – Coordenadora Juventude FETAGRI-MT
Reginaldo Gonçalves Campos – Vice Presidente FETAGRI-MT e Secretário Geral do STTR Campo Verde MT,
Rafaella Ferreira Santos da Cunha – Presidenta do STTR Cáceres MT
Lúdio Cabral, Deputado Estadual
Nilton Jose de Macedo – Presidente da FETAGRI MT e Coordenador Regional Centro Oeste CONTAG
08/10
8h – Sistema Participativo de Garantia no âmbito da Agricultura Familiar da Amazônia Mato-grossense
Aline Barros Veras – Instituto Centro de Vida
Jesse Lopes Carvalho – Engenheiro Florestal – ICV
Rodrigo Alves da Silva – Agricultor e da Rede de Produção Orgânica da Amazônia Mato-grossense
Cristiano Motter – Pós graduação em Gestão Ambiental – Centro Ecológico
14h – Exposição aos agrotóxicos na saúde, ambiente e trabalho. Lançamento do Dossiê ABRASCO Contra o Pacote do Veneno.
Wanderlei Pignati, Médico sanitarista e pesquisador da Fiocruz
Daniel Zappia
Miraci Pereira da Silva
Vanda Alves
Hiparidi Dzutsi Wa Top’tiro
Karen Friedrich
Franciléia Paula de Castro
09/10 –
18h – Agroecologia e Crise Hídrica
Místicas de abertura – Vanda dos Santos (Fé e Vida)
– Água e agroecologia – Relato de Experiência
Sara Crespo (Probioma) – Bolivia
Paulo Guilherme Cabral (IFB) – Cerrado
Fernando Ferreira de Morais (UFPB/Instituto Gaia) – Nordeste
– Escassez hídrica
Cláudia Sala de Pinho (Rede de Comunidades Tradicionais Pantaneira)
Solange Ikeda (Laboratório de Educação Ambiental e Restauração Ecológica- UNEMAT)
Enfrentamento da seca – Isidoro Salomão e comitês populares
Dia 10
Às 11h – Dia do Rio Bugres – Comitê popular do Rio Bugre Vanda dos Santos, Isidoro Salomão e José Gomes