Por João Negrão
O que faz um bar ser tão amado por seus frequentadores? A cerveja gelada? O ambiente arejado, os banheiros impecavelmente limpo? A freguesia sempre amiga que confere aquele ar de confraria? Ou o atendimento personalizado e o sorriso simpático do dono?
Tudo isso e mais um detalhe que clientes fiéis não dispensam: um bom cardápio de comidas e petiscos. E soma-se aqui se esse lugar servir um prato que é o melhor em sua especialidade de todo o Distrito Federal.
Estou falando do Vira Copos, que fica ali no finalzinho, no alto da avenida Central do Núcleo Bandeirantes, e serve a melhor dobradinha de Brasília.
Seu dono, Elias Ferreira Sabiá, é a majestade desse espaço aconchegante que recebe habitués que vão em busca da cerveja gelada, de bebidas quentes e da saborosa iguaria carro-chefe do cardápio que inclui os tradicionais frango a passarinho, isca de peixe, calabresa acebolada, batata frita e pastéis, entre outros pestiscos.
Contudo é ela a melhor pedida: “Dobradinha com feijão branco”.
Aqui neste vídeo, Elias fala dela:
Wandenberg Alves do Nascimento frequenta o Vira Copos há cinco anos. Nascido na Ceilândia, o operador de guindaste mora há 14 anos no Núcleo Bandeirante. Descobriu o bar e nunca mais deixou de frequentar. “É o melhor ambiente pra tomar uma e fazer amizades”, afirma ele.
Um desses amigos é um certo Lula, apelido de Ademir Gomes, de 79 anos, freguês que possui frequenta o bar há quatro anos. Morador do Núcleo Bandeirante há 25 anos, Ademir é carioca e curiosamente torcedor do Corinthians. E ganhou o apelido porgosta de fazer imitações do ex-presidente. “O atendimento do Elias é top. Ele é uma pessoa muito tranquila e simpática. Só não pode é pisar no calo dele”, afirma.
“O dono do bar faz a diferença. É assim o Elias. Ele me tratou bem desde o dia que vim a primeira vez, há cinco anos. Além da boa cerveja, a dobradinha é o que tem de melhor. Um lugar para trazer os amigos também. E o melhor de tudo: minha esposa não briga comigo porque sabe onde estou e que é um bom ambiente”, acrescenta Wandenberg, o Berg, para os íntimos.
Alexandre Oliveira, profissionais de TI, considera o Vira Copos a sua segunda casa. Não é para menos que as chaves de sua residência fica ali pendurada na parede atrás do balcão. “O Vira Copos fica aqui no 1645 e eu moro ali no 1625”, disse se referindo aos blocos do final da avenida Central. Frequentador há dois anos e meio, Alexandre, que mora com o filho, que também trabalha o dia todo, deixa as chaves de no bar para que o Elias posso ir lá em caso de emergência.
Para Alexandre, Elias “virou meu irmão” e considera o Vira Copos tipo uma confraria. “Um ajuda o outro. Somos uma família e o Elias cuida para que a qualidade de sua freguesia seja mantida. Aqui só vem e permanece que respeita o lugar e seus frequentadores”, afirmou, lembrando que recentemente um freguês foi convidado a se retirar porque começou a “arrastar as asas” para a esposa de um cliente que estava só com amigas no local.
Os irmãos Givanildo José de Araújo, o Secreta, é outro frequentador assíduo que elogia o modo de Elias tocar o bar. “Ele garante a qualidade de tudo aqui. Da cerveja, boa, da dobradinha – ah, eu gost mutio também da codorna frita com farofa de ovos – e do ambiente”, certifica.
Mecânico, Givanildo ganho o apelido de Secreta por conta de seu jeito extrovertido e falante. “Quando jovem ele não guardava segredos”, conta o irmão Gilvandro, que compareceu agora pela primeira vez ao Vira Copos. “Vim reencontrar um amigo que não via há mais de 20 anos”, conta.
O amigo é Reginaldo Melo, o Grilo, ou Doutor Grilo – “minha profissão é viver” -, que faz frequente “ronda” pelos bares da quadra. Brincalhão e piadista, Grilo viu Givanildo e Gilvandro crescerem. “Nada como um bom bar para reencontrar um amigo querido”, afirma Gilvandro, saboreando a dobradinha.
Marcelo Brum, que frequenta o Vira Copos há três anos, é outro que gosta de comparecer para saborear a dobradinha. Por que você gosta da dobradinha daqui?, pergunto. “É a melhor de Brasília. Simples assim”, responde ele. E por que você a considera a melhor?, indago novamente. “Por que? Porque eu não comi uma melhor até hoje”, acrescenta, peremptório. Detalhe: Marcelo é gastrônomo.
Eduardo Lopes, funcionário dos Correios, é um freguês diferente. É um dos raros que não pede cerveja. “Cerveja eu só bebo em casa”, conta. Ele vai ao bar apenas para saborear uma dose vodka. Aliás, o Elias sabe qual é a preferência de cada um de seus fregueses. O cara chega e ele já leva a sua bebida predileta. Frequenta o Vira Copos há 22 anos, quando ainda era bar e restaurante na 304 Norte.
Elias é de família cearense, de Guaraciaba do Norte. Os país vieram para a construção de Brasília e ele nasceu aqui, há 54 anos. Aos 18 anos ele começou a trabalhar com o cunhado em um restaurante na 107 sul, o Maloca Querida, onde hoje é o Estrela do Sul. De lá para cá não saiu do ramo.
Aos 24 anos criou o Vira Copos, que funcionou inicialmente na 304 Norte, por 11 anos, depois na 703 Norte, onde ficou mais 12 anos, e há cinco está no Núcleo Bandeirante. Torcedor do Botafogo e devoto de São Jorge, Elias é um exemplo de quem ama o que faz.
É o melhor Sabiá que conheço, sua grande virtude além das inúmeras destacadas… é a franqueza de suas palavras. Tenho prazer em ir diariamente saborear a “ceva” além de ter e dar o respeito à todos que ali vão degustar e curtir o Bar ViraCopos.