(Silvana Gonçalves)
Sou andarilha no sistema que mete medo, entristece e isola
Exclui, polui e dilui o ser andante e viajante a pó.
Pó de padrões
Pó de controle
Pó do capital
Pó da exclusão social
Sou andarilha no sistema do tempo do vento, da vida com amor e sem pudor. Trazendo no saco, nas costas e memoria uma dose de rancor
Adoçada com amor
Sou andarilha da estrada esburacada, suja, empoeirada.
Esgotos humanos andarilhando pelas ruas tirando vidas
O sistema se diz daltônico
Não ver cor, asfixia, imobiliza. Mata!
Vidas negras importam
A vida das mulheres importam
O sistema exerce o poder, tudo domina. Nos transforma em ruina
Imposição
Convenção
Crueldade
Misoginia
Na luta manicomial silenciar é natural
O silêncio que mata, dilata e maltrata
É o sistema…
Vilão, cafetão, prostituto
Rebele-se contra o sistema
E tudo que quero
Um dia na luz da lua, molhar na chuva e secar ao sol.
Que nada me defina
Que nada limite o meu pensar e agir
Liberdade
Arte
Lagarta solta na relva
Vento no rosto
Pele bronzeada
Sou andarilha do asfalto, da terra, das águas e do ar. Do dia e da aurora, noite escura. Pura!
Andarilha…
Das praças
Dos botecos
Da música
Do som
Do silêncio da impunidade
Sou andarilha do sistema, sou nômade do sistema
“Porque matar não é só apertar o gatilho”
Há um rito de dominação. O estado é opressor
Genocídio da juventude negra
Homofobia
O machismo estrutural grita
Femenicidio em alta
O Fascismo impera
É culpa do sistema!
O estupro é culposo e o judiciário estuprador
E tudo que eu quero
É sol, mar, rock roll, balançar na rede e tomar agua de côco.
Paz!