O salário mínimo de R$ 1.087,84 para 2021, anunciado pelo governo federal, ampliará a diferença do piso real – que está em vigência atualmente – do necessário, segundo o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).
O novo piso consta na LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias), enviada ao Congresso Nacional no dia 15 de dezembro, e prevê alta de R$ 42,84 (4,02%) sobre o atual valor de R$ 1.045.
Apesar de a correção anual, o valor ainda é bem inferior ao necessário para a maioria da população se manter.
Levantamento feito pelo Dieese aponta que para sustentar uma família de quatro pessoas seria necessário um salário mínimo de R$ 5.289,53.
Para chegar ao piso salarial ideal, o Dieese considera a cesta básica mais cara de 17 capitais e as necessidades básicas do trabalhador e de sua família, conforma estabelece a Constituição Federal:
• Alimentação;
• Educação;
• Higiene;
• Lazer;
• Moradia;
• Previdência Social;
• Saúde;
• Transporte; e
• Vestuário;
Desde o ano passado, o piso nacional passou a ser corrigido apenas pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), a fim de preservação do poder de compra do mínimo. A decisão, no entanto, não traz ganho real à remuneração dos profissionais.
Para Augusto Junior, a camada mais pobre da sociedade que com um salário mínimo vem sendo profundamente impactada com a alta da inflação nos alimentos.
O economista André Braz, coordenador do IPC do FGV IBRE, lembra que o percentual considerado para reajustar o salário mínimo é a correção da inflação passada.
Ou seja, é exatamente o que a inflação corroeu dos salários que volta para manter o poder aquisitivo.
Braz afirma que os desafios no orçamento das famílias devem ser mantidos em 2021 por causa da inflação dos alimentos, que deve continuar alta.
“O aumento de preço pode ser menor, mas ainda haverá uma elevação e afetará muito as famílias que ganham o salário mínimo e, principalmente aquelas que perderam o emprego durante a pandemia do novo coronavírus.”, diz o economista.
Braz reforça que a retomada econômica no ano que vem deve ser lenta e que a geração de empregos não será imediata, mantendo as dificuldades das famílias.
A previsão pessimista tem um forte motivo: o elevado déficit público.
“Nós sabemos que o governo está com as contas no vermelho e que nossa dívida chega ao tamanho do PIB [Produto Interno Bruto]. Precisamos reduzir o débito público para o Estado retomar a sua capacidade de consumo e investimento. E, junto com a iniciativa privada, gerar o aquecimento no mercado de trabalho.”