Por Cláudio Moraes*
Como disse Fernando Pessoa em 05/09/1933:
“Quando as crianças brincam
E eu as ouço brincar,
Qualquer coisa em minha alma
Começa a se alegrar
E toda aquela infância
Que não tive me vem,
Numa onda de alegria
Que não foi de ninguém […]”
Comecemos nosso texto com esse lindo poema de Pessoa, onde o mesmo nos faz pensar sobre nossa infância, nosso brincar. Quando as crianças brincam se ouve sons e gestos e cheiros e cores, que minha alma começa a se alegrar ao ver esse evento dos pequenos e pequenas. E Fernando Pessoa diz também que sua infância que não teve é relembrada nesse instante. Num instante de alegria e afetividade.
As crianças veem pelo simples, o olhar delas é voltado principalmente as coisas mais simples da vida. Então não adianta dar a elas brinquedos complexos ou mega elaborados tanto em casa como nas escolas. Somente tirará o olhar ingênuo dos pequenos, tirando dos mesmos a infância e seu bom desenvolvimento e boa psicomotricidade.
Em falando de psicomotricidade, soltemos as crianças nos pátios das escolas ou em ambientes naturais e ofereçam esses objetos a elas e veremos o que acontece:
- Caixas de papelão;
- Carretéis grandes;
- Tocos de madeira;
- Tampinhas;
- Pedrinhas;
- Bambolês;
- Fitas coloridas;
- Pneus;
- Potes de sorvetes vazios;
- Vidros e garrafas de plástico;
- Papel pardo;
- Giz de cera;
- Tecidos;
- Sementes;
- Latas;
- Fantoches;
- Pentes e escovas;
- Bonecas e bonecos
E verão um BRINCAR ESPONTÂNEO, com brincadeiras e jogos livres da interferência dos adultos. Isso é educação transformadora.
A brincadeira trabalha a psicomotricidade nas crianças, além de trabalhar:
- criatividade;
- espontaneidade;
- autonomia;
- autoconfiança ajudando as mesmas a tomarem decisões;
- Afetividade;
- Trabalha as regras e o cognitivo.
Segundo Renata Meirelles, “A CRIANÇA NO BRINCAR É PURO MOVIMENTO, ASSIM COMO É A VIDA”. A pesquisadora Meirelles propõe em seu trabalho no projeto Território do Brincar que as crianças brinquem livres e que seus corpos são puro movimento e assim é a vida.
Ela possui um belo trabalho viajando por todo o Brasil e coletando imagens e vídeos de crianças brincando e isso nos seus diversos estados brasileiros e com suas brincadeiras típicas. Vale a pena conferir o seu canal do YouTube chamado Território do Brincar.
E por fim fechamos esse texto com a frase da professora da Faculdade de Educação da USP Tizuko Kishimoto:
“A escola ainda não aprendeu que no brincar a escolha é da criança e não do adulto”.
* Cláudio Moraes é colunista do Expresso 61 na seção PEDAGOGIA CRÍTICA, professor universitário, pedagogo, artista, especialista em Práticas Inovadoras na Educação, tecnólogo em gestão ambiental urbana, especialista em Docência do Ensino Superior com Metodologias Ativas de Aprendizagem e pós-graduando em Arte, Cultura e Educação.
Texto rico de informações e apresentado de forma didática e leve. Parabéns, prof. Cláudio Moraes.