Carta aberta póstuma ao jornalista Anselmo Carvalho Pinto

Por João Orozimbo Negrão

 

Cara, eu passei o dia inteiro desta segunda-feira (18.08)  pensando em você.

E fiquei matutando forte: por que você veio fazer isso com a gente? E me recordei de uns dias em que nos confrontamos nas “ilhas” da redação de A Gazeta e você se manteve impávido em suas posições e eu fiquei escanteado me achando um radical de esquerda ridículo. E você sereno ali com seu corpanzil.

Você estava certo e eu fui estúpido com você. Fui várias vezes estúpido e esta é uma de minhas lembranças constrangedoras que tem me torturado depois da crise dos meus 60. Que merda!

Eu não consigo parar de pensar em você, porque você era aquela delicadeza expansiva que me faltou, aquele vozeirão que me imponha, aquela tranquilidade perturbadora e eu, radical, não quis o ouvir. Putaquepariu, Anselmo!

Você foi o mais suave e racional antidoto de mim! E é por isso e muito mais que estou sofrendo.

Você não devia ter ido, porra! Que merda!

Descanse em paz.

 

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